Estou cozinhando numa sexta-feira, fazendo um almoço regado a Pontes de Madison na TV e quando aquela bela mulher diz "Ele me faz ser uma mulher que eu não reconheço, mas cada vez me sinto mais eu" acabei tendo um flash de idéias, como se o meu molho na panela borbulhasse com uma pitada dos meus sonhos.
Foi então que percebi que minha visão não tinha mais cor, não tinha mais azuis, rosas e amarelos, mas apenas uma gradação de cinzas que, por encanto, fizeram meu coração sorrir. Somente então descobri um segredo que escondi de mim mesma, as cores nunca me fizeram fascinada. Elas nada mais são que criações de uma outra pessoa que tenta incessantemente me fascinar, mas nada consegue.
Por alguns instantes revirei minha memória, minhas fotos, minhas principais recordações e talvez tenha me decepcionado comigo por poucos segundos. Nada na minha mente tem cor. Ainda que eu as reconheça, não fazem parte de uma memória emocional. Como se o que entrasse no hall dos memoráveis fossem apenas o preto, branco e os irmãos cinzas.
Poderia ter me decepcionado mais, porém um novo olhar trouxe o orgulho. Só então eu vi que as principais recordações são de gestos. Não lembro a cor do pôr do sol de um dia, mas lembro do sorriso que ganhei naquele momento, lembro do toque de uma mão na minha, lembro de uma lágrima de alegria correr uma bela face, lembro de isso ser mais importante que as cores do pôr do sol.
Foi então que percebi que minha visão não tinha mais cor, não tinha mais azuis, rosas e amarelos, mas apenas uma gradação de cinzas que, por encanto, fizeram meu coração sorrir. Somente então descobri um segredo que escondi de mim mesma, as cores nunca me fizeram fascinada. Elas nada mais são que criações de uma outra pessoa que tenta incessantemente me fascinar, mas nada consegue.
Por alguns instantes revirei minha memória, minhas fotos, minhas principais recordações e talvez tenha me decepcionado comigo por poucos segundos. Nada na minha mente tem cor. Ainda que eu as reconheça, não fazem parte de uma memória emocional. Como se o que entrasse no hall dos memoráveis fossem apenas o preto, branco e os irmãos cinzas.
Poderia ter me decepcionado mais, porém um novo olhar trouxe o orgulho. Só então eu vi que as principais recordações são de gestos. Não lembro a cor do pôr do sol de um dia, mas lembro do sorriso que ganhei naquele momento, lembro do toque de uma mão na minha, lembro de uma lágrima de alegria correr uma bela face, lembro de isso ser mais importante que as cores do pôr do sol.
Ainda tento entender minhas preferências, mas certamente me orgulho de conseguir ver além do contorno, cada gesto é transcrito numa palavra, num sentimento e são esses que registro. Não conseguiria me exaltar a ponto de dizer "tenho olhos pra ver", não sou tão boa assim. Mas já não me satisfaço com o embrulho dos presentes de Deus, quero a essência, essa pode me fascinar.