30 de março de 2006

Some post-it could reveal


Algumas coisas nós relevamos sem perceber. Revelamos, na maioria das vezes para nós mesmos. Parece que existem duas pessoas em mim. Uma que vive, que fala, que interage com o mundo; outra está presa lá dentro, não é ouvida nem percebida. Mas essa pessoa lá dentro não tem o véu do orgulho, da vaidade, do ciumes cobrindo o seu olhar. Por isso esta encherga muito melhor que a primeira pessoa.

Aí ela tentar dizer o que de fato está acontecendo no mundo a volta, enquanto a pessoa daqui de fora nem se atenta para isso e continua cega, ou parcialmente cega, por seu falso moralismo. Por isso a pessoa lá de dentro grita, se irrita, chora, enquanto a pessoa de fora só pensa "tem alguma coisa estranha em mim, mas o quê?".

Agora a pessoa lá de dentro descobriu uma tática. Ela se deixa levar pelo entusiasmo da de fora, mas na hora da exaltação ela deixa uma palavra solta, uma lágrima perdida num pensamento, uma imagem de algo que de princípio não quer dizer nada.

Só então essa pessoa limitada de fora percebe que não está só. Mas isso não é motivo pra ser feliz, pq a pessoa de dentro não existe para aplaudir a hipocrisia, mas para dizer onde está errado, quando tem que mudar tudo.

E essa pessoa lá dentro só me diz: " morrer é muito fácil, vc já tentou viver pra descobrir onde Deus planta as dificuldades?". E o que dizer agora? Ela tá certa enquanto eu fico aqui, lamentando uma dificuldade que não existe, uma vida que não existe, lamentando um amor que nunca existiu, uma amizade que não passou de 'bom dia', um coração que não tem nada além de uma rachadura.

Mas a unica dúvida que fica em mim é: será que vou sempre ouvi-la? Ou fecharei meus olhos de novo?

15 de março de 2006

O repouso do sonho


Queria no fim da vida, descansar como o Deus, sonhar como os anjos e sorrir como as fadas.

Só eles me fizeram entender que a dor eleva, que o amor cura, que Deus sempre ilumina.

A vida me obrigou a descansar, então escolhi o recanto da paz que mora em meu peito, mas que se compraz naquilo que vejo.

Acabei de ver Deus, e ele era assim....

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9 de março de 2006

Quiçá

A certeza é um sentimento estranho. Estranho pelo simples fato de não se definir com grandes explicações. Ela existe apenas. Assemelha-se a fé, que só existe para quem a possui, para quem a domina, para quem se submete a ela.


Assim me sinto em relação a essa certeza. Uma certeza muitas vezes sombria e triste de que um dia, no fim dos meus dias, vou morrer sozinha, sem amigos, sem marido, sem filhos, sem pais, sem casa, sem cachorro nem gato, sozinha numa sarjeta distante do mundo, distanciada por uma dor profunda, por um rancor...


Da mesma maneira que existe a fé em coisas que não fazem bem ao crente, essa certeza pode ser a pedra que me prende ao fundo do poço. Pode ser essa certeza que não me permita respirar, que não me permita sair do poço. Até aí, nada conclusivo e nada interessante. O que me intriga de fato é: como me liberto dela?


O nó da corda está escondido nos confins do meu ser, um nó cego para o amor, cego para os sorrisos que recebo, cego para o fim da dor. E agora? E agora?....


O nó não me machuca mais, só me machuca pensar que ainda não sei como desatá-lo. Espero descobrir a tempo, a tempo de eu não me afogar na lama da dor, na lama do coração corrompido de rancor.