26 de dezembro de 2008

Celebrando lembranças





Existem sentimentos tão prazerosos
Um efeito dominó no meu peito
uma cadeia de efeitos
tão perfeitos

sensação de contagem regressiva
de ver todos, num só retrato
retrato vivo na expectativa
retrato da minha vida

guardo lembranças intermináveis
ainda espero por novas
a ansiedade pelo suspiro
os desejo tanto
mas tanto

chego a chorar de tanto sorrir

10 de novembro de 2008

Preguiça






Tem dias que dá preguiça
De pensar num fundo do poço
preguiça de sofrer pelo outro
Preguiça de ser esquisita

Nesse dia o sorriso se planta
Se cultiva, se ama, se canta
Dá o ar da graça sutilmente
Só pra variar, no meio dessa gente

Gente que nem pensa
Que só ama, se inventa
Porque não percebe a dor
Que tanto se vive por amor

Tem dias que não sofro
Não porque sofrimento não exista
Mas porque desliguei o botão
da lagrima, da dor dessa vida.

19 de outubro de 2008

Fantasma







Existe uma presença
Que me toma quando acordo
Não me abandona nem no sono

Consome pensamentos
Todos, quase sempre, insanos
Pesadelos a luz do sol
Com passarinhos cantando
Ainda a sinto

Forte, intensa, doentia
Me suga, me devora
Ainda assim me alimenta

Esse vazio nunca vai embora
E só ele me dá a certeza
De uma morte em vida

A certeza do fantasma dos sorrisos
Só então lembro q não sei mais sorrir
Não de verdade.... 

7 de outubro de 2008

Realidade






A certeza ainda insiste
De ter o que não desejo,
De não almejar o  que posso,
De ficar tão longe e perto.

Ilusão insólita
Pensar que algo traz felicidade,
Que o amor nos espera,
Que um amor é sempre prazer.

Mentira ingênua
Pensar que família é sempre sorriso,
Certeza é sempre companheira,
Amor é sempre genuíno.

A única verdade me toma,
Corroi e me doma.
E me faz pensar:
Nada mais é real.

27 de agosto de 2008

Identidade


Todo dia, vejo gente
Falo com gente
Ligo pra gente
Ensino gente
Convivo com gente



Mas toda essa gente
Que, muitas vezes, não é gente
É só "essa gente"
Que se sente tão gente.



Mas nem tudo é da gente
Nem a nossa gente
Mas só um nesse mundo
não é gente,
Resolveu ser poeta.

16 de agosto de 2008

Tudo que eu posso te dar é solidão com vista pro mar....


Ouvi essa semana:

"Sabe o que vejo em vc? Vou te dizer e vai entender minhas reclamações. Vejo um muro de tijolo, muro alto. Nesse muro, as vezes vc abre uma janelinha e coloca a mão pra fora pra me dar um tchauzinho, e só. Depois a janela some e fica apenas aquela cor insossa me olhando".
Depois de ouvir isso, vejo o quanto não mudei nada. Sou um muro, triste e insólito.
Aos 16 anos escrevi isso, no ápice da depressão.


MEU QUARTO

O chão do meu quarto
É feito de lágrima.

A parede do meu quarto
É feita de grito.

O teto do meu quarto
É feito de pensamento.

A porta do meu quarto
É feita de solidão.

Meu quarto é um fator endógeno:
Um grande exílio sem anistia,
É enfim a nata visionária
De uma princesa que velejou
Nas cinzas do carnaval.

Meu quarto
É um coração impuro,
Na verdade morto
Pelo tempo sujo
Cujo silêncio é festa .
Pelo visto muita coisa não mudou....
Tenho tanto a mudar em mim que chega a dar preguiça só de pensar....

12 de agosto de 2008

Momentos

Tem momentos em que um pretenso poeta sabe o quão cruciais estes podem ser. Certamente são os momentos de tristeza, de angustia, quando palavras alheias não são suficientes para sanar uma dor.

O momento é exatamente esse. Tenho milhões de coisas a fazer mas não consigo cumpri-las pq só penso em uma coisa: meu avô.

Neste exato momento, ele está numa cama de hospital, com a "promessa" de que não viverá mais do que algumas horas. Pois é, duro assim.

Pq a promissidade da morte de um avô, doente a algum tempo, e bem mais velho do que se espera pode afetar alguém? Pq a morte é algo tão estranho?

Acho que pra cada pessoa pode haver motivos diferentes.... Para cada um existem possibilidades infinitas. Mas para mim a razão é alarmante.

É a primeira proximidade da morte que me afeta efetivamente. Vi meu outro avô morrer aos meus 16 anos, vim minha madrinha morrer nos meus 14 anos. Mas é a primeira vez q analizo friamente tudo q rodeia meu avô, todas as questões emocionais e financeiras.

Descobri algo triste sobre mim. Sua morte se aproximando me faz pensar q não fui a neta q eu gostaria de ter sido. Isso me faz pensar que eu, boba q sou, sempre sou muito dura, me afasto muito, falo pouco de meus sentimentos... E agora, com meu avô doente, em outra cidade, me faz pensar que ele vai morrer e eu não vou ter dito milhões de coisas que queria ter dito.

Não vou poder falar e mostrar coisas pq fui incapaz de busca-lo quando ainda era possível e travar a relação que eu gostaria de ter tido.

Agora, fico eu cá, com um peito apertado, olhos mareados, ofegante e pensando que não sei tratar como gostaria as pessoas que amo... Algo precisa ser modificado a tempo, antes de eu me arrepender de muitas relações.

Isso não foi um post em um blog... Isso foi um vômito emocional... Um choro virtual, q desde já não queria ter feito. Mas esse espaço me permite dizer tudo q quero. E assim vai ser....

E pensamento nele.... Só queria ter conseguido dizer o quando gosto dele... só isso...


É essa a imagem q vai ficar... Ou aquela foto em q vc me levantou no colo, num carnaval, eu fantasiada e vc rindo de mim... Não quero lembrar do q vi naquela cama....

11 de agosto de 2008

Ilusões

Tem coisas medíocres que criamos expectativas na mente.

Sou filha única, boa parte da minha vida vivi sozinha. Quem lê um pouco disso aqui sabe do meu romance com a solidão.

Mas descobri coisas muito ruins na companhia compulsiva que me fizeram voltar para a solidão.

Não tem algo q me incomode mais do que aquele grupo de pessoas q vive tão próximo q passam a dizer tudo q vivem entre si, umas para as outras.

Explico! Três amigos, dois se desentendem e um deles conta para o terceiro. O terceiro resolve opinar e aí aquele primeiro q não queria q o terceiro soubesse, se chateia com o q contou (piorando o desentendimento) e com aquele terceiro q resolveu questionar e se meter.

Isso foi um caso simplificado com apenas três pessoas. Imagine dez pessoas vivendo dessa maneira, quinze ou talvez vinte. É uma tremenda novela q mistura mexicanos com italianos. Posso falar alto e me exaltar, mas na política social estou mais para os ingleses.

Por isso, não sinto falta de muita coisa q se passou na minha vida, desde o primeiro grupo próximo demais, aos 15 anos.

Sendo assim, estou criando um novo objetivo. Coexistir sem depender, sem sufocar, sem viver em conjunto. Talvez seja a relação mais saudável para se ver e, surpreendentemente, a mais difícil de se encontrar...

Vou deixar a solidão aqui até isso acontecer...

20 de julho de 2008

Desabafo




Minha paixão por fotografias me faz vasculhar a net em busca de quaisquer imagens, por mero entretenimento.



Any way, vagando a pouco encontrei a imagem acima. De início achei linda. Mas parei pra pensar. Vamos analisá-la friamente.



Percebi a tristeza q ela passa, a conexão com a solidão, o fato de ser em P&B deixa o vazio mais intenso.... Aí entendi. É isso q sinto.... A solidão.



Achei q teria conseguido fazer ela ir embora. Mas não... Entendi q é uma companheira eterna, vai estar sempre ao meu lado pois ela é a unica coisa que sou capaz de entender e me sentir inteiramente a vontade.



I'm a fuckin' mess. I just know to be alone... Eu não sei ser legal, não sei fazer a social, não sei mentir sobre meus sentimentos... E o pior, sou chata. Isso me faz viver sozinha.



Mas estou tão acostumada q não há encomodo. Há paz.


Permanecerei assim, em paz com minha solidão....

18 de julho de 2008

Família


O tesouro existe
Dentro da certeza triste
De ir, para voltar
Encontra-las para me encontrar
Sem elas, nunca hei de ficar
Família, a minha família

12 de julho de 2008

Adaptação

Até quando o desejo pode nos levar a atos insanos?

Na verdade, cabe pensar primeiramente o que é insano. Flagrei-me pensando nessa questão ao ouvir discussões calorosas sobre pedofilia e zoofilia.

Mas isso me levou ao mais "normal". E as pessoas que tem desejos compulsivos de permanecer buscando parceiros com o mesmo perfil, ainda que todos eles dêem errado da mesma maneira.

Percebi minha relação nas amizades então. Descobri uma mudança, um divisor de águas em algumas coisas. Tenho amigos de ambos os sexos, como muitos. Descobri que passei a escolher amigos do sexo masculino diferentes de uns anos para cá. O que mostra que me livrei de algo errado, pois essas amizades me constroem mais do eu imaginara.

Em contra partida, as amizades do sexo feminino tendem ao doentio. Se alguma amiga ler isso, não levo para o lado pessoal. Explico o porquê. Eu não sei viver com mulheres. Aproximo de mim sempre dois tipos de mulheres: as que me intimidam ou as que desprezo. Existem sim mulheres com quem me relaciono de igual pra igual, mas descobri que aquelas que estão perto de mim caem nesses dois perfis.

E, claro, comparei com os homens. Com eles, tenho uma relação de igual para igual. Eles não me intimidam (exceto, claro, aqueles por quem me apaixono..rs), não os desprezo. Sempre me sinto no mesmo nível, o que sempre me permitiu ter relações amorosas relativamente saudáveis.

Enquanto isso, com as mulheres nunca foi assim. Todos os dias me surpreendo com elas. São estranhas a mim, intensas quando menos espero, tristes demais em momentos surpreendentes e cansativas em muitos momentos. Mas tudo isso pode ser tranquilamente contornado.

A unica coisa que não entendo é a necessidade de competir. Cresci ouvindo que homens são competitivos, que lutam sempre pelo mesmo objetivo e podem ser desleais. Descobri o contrário. Homens são tremendamente corporativos, o que me faz admira-los ainda mais. Porém, as mulheres são insuportavelmente sórdidas. Falsas e costumam falar mais pelas costas do que cara a cara.

Sinceramente, perdi o desejo de compreender isso. Mas ainda estou em busca de uma maneira de não me afetar por isso. É absolutamente insuportável. Se uma mulher ler isso, entenda: deixe de ser competitiva!

Pode parecer mero blá blá blá. mas para quem tem uma mãe que vive competindo com a filha pela atenção do seu marido, essa relação pode tirar do sério qualquer pessoa. Pq uma amiga, que teve seu namorado apresentado pela sua amiga, quer excluí-la da vida do seu amado e tomar o lugar da amiga. Isso e muitas outras coisas que tenho que aturar calada. Tenho que conviver sem me pronunciar. E isso sim, é enlouquecedor.

Logo, declaro aos céus, faça-me homem na proxima vida. E um homem homossexual, para que viva com outros homens, ame os homens e seja homem e tenha amigos homens. Pois "the women sucks!".

Mais uma sessão de terapia semana que vem para tentar resolver isso.

30 de junho de 2008

Flor



Existe uma quimera, dentro de mim
pulsa um segredo a anos
anos findos e quase esquecidos
tomando-me de confusão...


Até entendê-lo, tristeza em minha mente
Percebê-lo era perder-me nas entranhas
de minh'alma, com a certeza de perder a âncora
E nunca mais voltar à superfície da sanindade


Mas a companhia indesejosa, as linhas de expressão
A leve dor nos joelhos ao fim do dia exaustivo
Pareceram ser percausos indesejados da idade
Seria o inicio de um fim ainda não vislumbrado



Mas consagrou-se o fim da menina, da flor
Agora o fruto se consagra com linhas de expressão
O fruto perde o verde com o pensamento antes da ação


Devo dizer - até a mim - que cá uma mulher nasce
As cores do fruto trazem a confiança em si
Confiança de que a menina confusa está morrendo


Consigo, levou o medo...
De si, dos outros, da solidão, da vida, do desconhecido
Ainda que não conheça o futuro (e não o conheço)
Não o temo, pois mulheres confiam em si


Um dia a gente cresce, né?! Ainda que tardiamente, a maturidade é um prazer incomensurável. Um prazer q ninguém me toma, posto que é apenas meu. Vitorias pessoais geram festas nos sonhos.

2 de junho de 2008

Lama minha






Amargura de pensar nos outros

Tristeza em ver tão pouco

Sorrir por mera educação

Preencher-me da solidão



Por mais que tente, e tento

Ver veracidade nos atos alheios

Vejo mentiras e maus tratos

Corações tão feios



Desdem, indiferença, rancor

Vingança, fofoca, desamor

Tudo que não há sentido

Se torna um eterno castigo



Almas vagam no limbo

de podridão dos sentimentos

podendo ser mais que muito

escolhem ser um adendo



a acolhida é a solitude

vagar pela lama humana

chorar as dores a muide

da podridão humana.





Nunca foi tão dificil conviver com os outros.... O mundo é cada vez mais doentio, mais feio, mais triste.... O braço fica cansado de nadar contra a maré.... Um dia a gente simplismente.... Deixa o barco a deriva.....

21 de maio de 2008

Ressentir

A vida está cheia de variáveis
De funções inumeras
Enquato a contante não muda

A solidão é o termo independente
Variável q não varia
Função que não termina

Com ou sem assintota
Nada mais me ilumina
Pois a vida assim me guia
Terminando sempre inconclusiva

Só basta dizer:
"Seja Bem vinda!
De novo".

24 de março de 2008

Longe....





Longe é um lugar tão perto

Longe é o mais perto que ficamos

Sem poder tocá-lo.


Se um dia, enfim, tocá-lo

Não será mais longe

Mais longe do que a lembrança

Lembrança da distancia

Lembrança do desejo



Longe será a saudade de almejá-lo

Longe seria a certeza de ser perfeito

Sempre longe

Pois de perto, és humano.

O maldito ser humano.

7 de fevereiro de 2008

Chega de Saudade


Num verão atípico, com chuvas de mais e sol de menos, faço uma bela viagem quase todas as manhãs. Uma empreitada matemática me obriga a sair da pacata tijuca e seguir ao poético jardim botânico.

Há quem diga que tenho azar, efeito do tempo perdido, do sono escasso e da entediante viagem. Percebi a sorte de poder fazer durante as manhãs de férias.

Sair da tijuca já é a benção. Sua poesia é dura e pouco amável. Ela está mais para uma prosa realista da vida da classe médica carioca.

Porém, ela consegue ser superada pela pobreza do Estácio. Sempre lembro de Luiz Melodia dizendo para matá-lo de amor por lá. O Estácio é que precisa de muito amor, terra maltratada.

A certeza de um sorriso vem com a chegada da Lapa. Sua magia não é boêmia, é apenas poesia da mais pura liberdade carioca. Passar por aquele engarrafamento não dói, nem se sente.

Passar pelos arcos é o clímax. Não do que se passou, mas a certeza do que está por vir. Os lindos jardins, parques e estátuas da inebriante zona sul.

Quando adormece, a brisa do Flamengo me acorda nesse trecho. Quando passo pelo Hotel Glória, o carro abre-alas da arquitetura do Flamengo retro.

Isso só é superado pelas estátuas da praia de Botafogo que me fazem lembrar de olhar mais a frente e ver o pão de açúcar resplandecendo a enseada.

Parece que meu player combina com Deus os movimentos e sempre toca João Gilberto enquanto subo a São Clemente, me fazendo cantar chega de saudade, ao lembrar daquela enseada estampada nos meus olhos.

Os carros lentos no Humaitá não me incomodam, eles são a certeza da proximidade com o Jardim Botânico, a certeza de que a Lagoa sempre está lá, para nos acompanhar as escondidas.

Só então, ao subir a rua Jardim Botânico, me distraio com os graffitis nos muros e lembro que chego ao novo ápice: o Parque Lage a abençoar todos nós, e infelizmente, os prédios da rede globo a atrapalhar a paisagem.

Chegamos ao destino, sigo para o Horto, com a companhia do jardim ao meu lado, perfumando o caminho e acalmando meu coração.

No ponto final, a tristeza de ver a ladeira que ainda subirei é esquecida, vejo sempre o mesmo beija-flor a me saldar as belas manhãs cariocas.

Bom Dia Rio de Janeiro.