29 de julho de 2011

Carta ao Amado




Quando menina, pensava que um dia veria um príncipe chegar, com seu lindo cavalo, bela casaca e uma rosa em mãos.

Quando adolescente, pensava que um dia veria um gato chegar, com sua linda moto, bela jaqueta e um par de ingressos para o peal jam em mãos.

Quando mulher, pensava que um dia veria um homem chegar, com seu lindo carro, belo terno, e uma aliança em mãos.

Um dia, quando minha consciência se abriu, percebi que não desejava nada daquilo. Passei a desejá-lo como és. Ranzinza quando alguém te corta no transito, envergonhado quando uma criança o elogia e apaixonado quando nem ligo pra você.

Passei a descobrir que suas características são o seu mapa, aquele que recrio em minha mente todos os dias, mapa do meu amor. Um mapa quase vivo, que me consola, que me ama, que me sacia, que me surpreende.

Tê-lo em meu coração preencheu o vazio que o tomava, minha companhia era o pensamento mantido em você. Passei a conhecê-lo mais do que a mim mesma, passei a prever suas ações. Esta foi a maior realização que o amor poderia ter me trazido.

Só então, percebi o quanto o amor nos inebria. Eu estava hipnotizada por um personagem que tomou conta dos meus sonhos, que eu respirava dia a dia. Notei q passei a perder horas pensando em você e sonhando com seu próximo passo, passei a perder noites de sono imaginando a surpresa que me faria quando não podia estar comigo.

Sua presença se tornou tão forte, que eu não me reconheço mais... Sou eu, a sombra de mim mesma... Passei a viver a realidade e os meus sonhos. Confundi você com o você que vivia em minha mente.

Só então percebi o grande problema do nosso amor. Você não existe! Permaneço a recriá-lo em minha mente.

Triste, reconheço que ainda sou aquela menina que fica na janela, olhando a tarde passar, esperando o amor chegar.

6 de julho de 2011

Solidão


Solidão é estar nua, no meio da rua, a luz do sol e ser apedrejada por medos e chingada por dores.

Solidão é perder o rumo e não saber como voltar para a rota.

Caminho mais só do que nunca, enquanto o mundo perde o colorido, enquanto as ruas se enchem de estranhos, enquanto a vida continua.

Sinto-me morta, ainda que assim não pareça.