27 de agosto de 2008

Identidade


Todo dia, vejo gente
Falo com gente
Ligo pra gente
Ensino gente
Convivo com gente



Mas toda essa gente
Que, muitas vezes, não é gente
É só "essa gente"
Que se sente tão gente.



Mas nem tudo é da gente
Nem a nossa gente
Mas só um nesse mundo
não é gente,
Resolveu ser poeta.

16 de agosto de 2008

Tudo que eu posso te dar é solidão com vista pro mar....


Ouvi essa semana:

"Sabe o que vejo em vc? Vou te dizer e vai entender minhas reclamações. Vejo um muro de tijolo, muro alto. Nesse muro, as vezes vc abre uma janelinha e coloca a mão pra fora pra me dar um tchauzinho, e só. Depois a janela some e fica apenas aquela cor insossa me olhando".
Depois de ouvir isso, vejo o quanto não mudei nada. Sou um muro, triste e insólito.
Aos 16 anos escrevi isso, no ápice da depressão.


MEU QUARTO

O chão do meu quarto
É feito de lágrima.

A parede do meu quarto
É feita de grito.

O teto do meu quarto
É feito de pensamento.

A porta do meu quarto
É feita de solidão.

Meu quarto é um fator endógeno:
Um grande exílio sem anistia,
É enfim a nata visionária
De uma princesa que velejou
Nas cinzas do carnaval.

Meu quarto
É um coração impuro,
Na verdade morto
Pelo tempo sujo
Cujo silêncio é festa .
Pelo visto muita coisa não mudou....
Tenho tanto a mudar em mim que chega a dar preguiça só de pensar....

12 de agosto de 2008

Momentos

Tem momentos em que um pretenso poeta sabe o quão cruciais estes podem ser. Certamente são os momentos de tristeza, de angustia, quando palavras alheias não são suficientes para sanar uma dor.

O momento é exatamente esse. Tenho milhões de coisas a fazer mas não consigo cumpri-las pq só penso em uma coisa: meu avô.

Neste exato momento, ele está numa cama de hospital, com a "promessa" de que não viverá mais do que algumas horas. Pois é, duro assim.

Pq a promissidade da morte de um avô, doente a algum tempo, e bem mais velho do que se espera pode afetar alguém? Pq a morte é algo tão estranho?

Acho que pra cada pessoa pode haver motivos diferentes.... Para cada um existem possibilidades infinitas. Mas para mim a razão é alarmante.

É a primeira proximidade da morte que me afeta efetivamente. Vi meu outro avô morrer aos meus 16 anos, vim minha madrinha morrer nos meus 14 anos. Mas é a primeira vez q analizo friamente tudo q rodeia meu avô, todas as questões emocionais e financeiras.

Descobri algo triste sobre mim. Sua morte se aproximando me faz pensar q não fui a neta q eu gostaria de ter sido. Isso me faz pensar que eu, boba q sou, sempre sou muito dura, me afasto muito, falo pouco de meus sentimentos... E agora, com meu avô doente, em outra cidade, me faz pensar que ele vai morrer e eu não vou ter dito milhões de coisas que queria ter dito.

Não vou poder falar e mostrar coisas pq fui incapaz de busca-lo quando ainda era possível e travar a relação que eu gostaria de ter tido.

Agora, fico eu cá, com um peito apertado, olhos mareados, ofegante e pensando que não sei tratar como gostaria as pessoas que amo... Algo precisa ser modificado a tempo, antes de eu me arrepender de muitas relações.

Isso não foi um post em um blog... Isso foi um vômito emocional... Um choro virtual, q desde já não queria ter feito. Mas esse espaço me permite dizer tudo q quero. E assim vai ser....

E pensamento nele.... Só queria ter conseguido dizer o quando gosto dele... só isso...


É essa a imagem q vai ficar... Ou aquela foto em q vc me levantou no colo, num carnaval, eu fantasiada e vc rindo de mim... Não quero lembrar do q vi naquela cama....

11 de agosto de 2008

Ilusões

Tem coisas medíocres que criamos expectativas na mente.

Sou filha única, boa parte da minha vida vivi sozinha. Quem lê um pouco disso aqui sabe do meu romance com a solidão.

Mas descobri coisas muito ruins na companhia compulsiva que me fizeram voltar para a solidão.

Não tem algo q me incomode mais do que aquele grupo de pessoas q vive tão próximo q passam a dizer tudo q vivem entre si, umas para as outras.

Explico! Três amigos, dois se desentendem e um deles conta para o terceiro. O terceiro resolve opinar e aí aquele primeiro q não queria q o terceiro soubesse, se chateia com o q contou (piorando o desentendimento) e com aquele terceiro q resolveu questionar e se meter.

Isso foi um caso simplificado com apenas três pessoas. Imagine dez pessoas vivendo dessa maneira, quinze ou talvez vinte. É uma tremenda novela q mistura mexicanos com italianos. Posso falar alto e me exaltar, mas na política social estou mais para os ingleses.

Por isso, não sinto falta de muita coisa q se passou na minha vida, desde o primeiro grupo próximo demais, aos 15 anos.

Sendo assim, estou criando um novo objetivo. Coexistir sem depender, sem sufocar, sem viver em conjunto. Talvez seja a relação mais saudável para se ver e, surpreendentemente, a mais difícil de se encontrar...

Vou deixar a solidão aqui até isso acontecer...